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domingo, 1 de março de 2015

O minotauro alemão



Na Antiguidade clássica o mito era considerado como um produto inferior ou deformado da atividade intelectual. Platão contrapõe o mito à verdade ou à narrativa verdadeira. Aristóteles considera o mito como o primeiro degrau que conduz à filosofia. O mito pretende compreender e tratar as mesmas questões que a filosofia coloca (ex.: a génese do mundo; o fenómeno da vida; o sentido da existência humana; a imortalidade; a necessidade, a liberdade), mas solucionando-as por meios diferentes.
Os mitos criados contudo, ajudam a explicar a realidade atual recorrendo a uma imagética poderosa.
Teseu derrotou o Minotauro no seu labirinto da ilha de Creta, situado mesmo por baixo do palácio do rei Minos. O Minotauro era um instrumento de castigo para os infelizes atenienses que lhe eram oferecidos como tributo pela vitória do rei Minos de Creta sobre a cidade de Atenas.
No labirinto que é a União Europeia a Alemanha é o minotauro: cruel com os outros estados-membros e por sua vez, cruelmente aprisionado pelo juízo sobre a história e a globalização.
Todos os países da zona do euro são, potencialmente, atenienses colocados no labirinto para usufruto do minotauro alemão. Foram lançados para o labirinto os atenienses “gregos”, os atenienses “portugueses”, os atenienses “irlandeses” e os atenienses “espanhóis”. Não irão ser usufruídos todos ao mesmo tempo nem da mesma forma. O minotauro oferece ainda a possibilidade de disputarem, entre eles, alternativas mais crónicas que podem passar por agradarem ao minotauro de acordo com um menu difícil de preencher.
O minotauro está convencido das vantagens de uma moeda forte para toda a zona do euro pensando sobretudo, a partir do desejo compulsivo de exportar os seus produtos sofisticados para o mundo inteiro.

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