Enquanto decorre a 10.ª avaliação da troica ao programa de ajustamento económico e financeiro, os portugueses vão reflectindo sobre a sua situação histórica. Além dos comentários da imprensa escrita e falada, dos blogs e dos twitters, dos comentários às mesas dos cafés e dos intervalos para almoço, os portugueses vão adquirindo uma consciência íntima sobre a situação do país.
Raros foram os momentos em que a História encontrou um plano para Portugal. E, todavia, temos quase nove séculos de existência. Esta evidência parece tranquilizar-nos e atribuir carácter especulativo ao acto de reflexão.
Vivemos um fenómeno do ajustamento ao mundo contemporâneo, em que os acontecimentos ocorrem em todos os locais ao mesmo tempo. O programa de ajustamento imposto pela troica em troca de crédito para a nossa dívida é apenas um dos aspectos deste fenómeno. Não será o menos importante mas não é, declaradamente, o único.
O ajustamento à portuguesa é viver com menos salário, menos serviços públicos, menos emprego, menos habitantes, menos filhos, menos direitos e garantias, menos imigrantes, menos feriados, menos dias de férias, menos centros estratégicos, menos alunos universitários, menos rendimento social de inserção, para termos menos défice público e da balança de pagamentos, menos juros da dívida e, portanto, menos dívida.
Sem comentários:
Enviar um comentário