Hoje aconteceu algo de muito grave: o governo de Portugal e a troika reconheceram a falência do programa de ajustamento económico e financeiro. E era isto completamente inesperado? Não. Fiquei surpreendido, em todo o caso, pelas taxas previstas para o desemprego, para este ano e para os anos seguintes. Uma taxa de desemprego que de 18,2 em 2013 e de 18,5% em 2014, é uma humilhação histórica. Vulgarmente falando, é uma traição. Até podem adiantar-se algumas explicações baseadas na diminuição da competitividade da economia portuguesa na última década ou a intensidade do endividamento nacional, privado e público.
Mas a análise recional dos factos mostra ainda outros dados interessantes para análise. Na conferência de imprensa para apresentar os resultados da 7.ª avaliação foram efectuadas novas projecções para a taxa de desemprego para este ano e para os anos seguintes (os tais 18,2% e 18,5%). Mas estes dados são projecções macroeconómicas que o governo já conhecia, com certeza, anteriormente.
A narrativa passou a ser o governo representou o povo português junto da troika. Isto é, o povo português estragou o futuro, depois como não sabiam tratar da vida contrataram-nos como mediadores e nós aceitámos desempenhar este papel de alunos cábulas que não cumprem os deveres. Todos os castigos são, contudo, destinados ao povo português.
Mas a análise recional dos factos mostra ainda outros dados interessantes para análise. Na conferência de imprensa para apresentar os resultados da 7.ª avaliação foram efectuadas novas projecções para a taxa de desemprego para este ano e para os anos seguintes (os tais 18,2% e 18,5%). Mas estes dados são projecções macroeconómicas que o governo já conhecia, com certeza, anteriormente.
A narrativa passou a ser o governo representou o povo português junto da troika. Isto é, o povo português estragou o futuro, depois como não sabiam tratar da vida contrataram-nos como mediadores e nós aceitámos desempenhar este papel de alunos cábulas que não cumprem os deveres. Todos os castigos são, contudo, destinados ao povo português.
A tonalidade da narativa manteve-se, na medida em os números das projecções macroeconómicas (taxa de desemprego, défice do sector público, etc) migram para o mundo das ideias, isolados e significantes em sim mesmo. Parecem entidades independentes da sua existência real, sem vida e sem gente. É como se a taxa de desemprego não tivesse desempregados e o plano de rescisões amigáveis da função pública não tivesse funcionários. A verdade, é que até do ponto de vista técnico, o discurso do ministro e dos secretários de estado empobreceu. Tudo e todos estão a empobrecer neste país.
Mas atenção, sobre o plano de rescisões na função pública ainda não se sabe nada. Está em preparação e será apresentado no final de Abril. A situação é de calamidade pública mas é preciso preparar convenientemente os dossiês. Enfim, estudar. É preciso estudar os detalhes de medidas que afectam tanta gente. E, sobretudo, é preciso esperar pela decisão do Tribunal Constitucional para que, no caso de chumbo de algumas das disposições do orçamento para 2013, atirar para cima dos juízes, do presidente e de todos os inimigos, a culpa pelos cortes a efectuar no emprego.
Nós portugueses sempre tivemos uma obsessão quotidiana pelo saloismo. A diferença é que nas épocas históricas em que esteve em causa a sobrevivência tivémos o discernimento para afastá-lo. Pelo contrário, hoje a elite política e económica milita de forma radical nos fundamentos teóricos e práticos do nosso saloismo.
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