A liberdade é uma conquista da Europa.
Não de um continente como espaço geográfico, entenda-se, mas de um conjunto de
povos que lutaram entre si e que incluíram povos de outros continentes neste
processo milenar destinado a construírem sociedades livres e democráticas.
É um abuso de linguagem falar de um
processo milenar como se de um conjunto de atividades planeadas tivessem
decorrido durante um período de tempo longo para apoiar uma estratégia única e
unidirecional. A história é dialética ou, pelo menos, imprevisível. Mas os
povos europeus, sobre os povos da Europa Ocidental e Central, construíram
sociedades democráticas, baseadas no estado de direito, na liberdade de
expressão e de informação e na igualdade de direitos dos géneros, das
confissões religiosas, das opções ideológicas e políticas e de quaisquer outras
caraterísticas que separam as pessoas e os povos.
A evolução das sociedades europeias
ocidentais aprofundou-se no rescaldo da 2.ª guerra mundial, estendendo a democracia
à prestação de cuidados de saúde e à segurança na velhice, na doença e nas
situações de incapacidade.
Esta Europa estendeu a democracia para
leste e até a Rússia adotou um regime político com propriedades democráticas.
A União Europeia e a zona do euro
constituíram-se como as construções políticas e económicas que interpretam o
desígnio europeu para aprofundar a democracia. Adicionalmente, estas
construções acrescentaram capacidade aos países europeus para ombrearem, com
potências de outros continentes, no processo de globalização em curso.
A União Europeia e a zona do euro são,
pois, estruturas fundamentais para a integração e a extensão democrática dos
diversos países europeus. O modelo na sua aplicação concreta deu, contudo, existência
a democracias nacionais limitadas e à monofonia no interior da união.
Com efeito, a inclusão de países com
níveis de desenvolvimento económico muito diferentes num espaço com uma moeda
única forte introduziu desequilíbrios económicos e financeiros entre eles.
Através de um conjunto de regras
incluídas em tratados e de pressão ideológica generalizada a Alemanha construiu
uma zona económica e financeira dentro da União Europeia que a beneficia. E
quando um país (eventualmente, com mais dois ou três) retira vantagens e coloca
os restantes na necessidade de modificar os respetivos regimes de governação,
sem alternativa estamos perante a suspensão da liberdade.
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