As dívidas, pública ou privada, externa ou interna, ocuparam na história da nação portuguesa um lugar fulcral. Em alguns momentos históricos foram mesmo decisivas nas opções dos poderes, político e económico.
Depois a história da Europa mudou, Portugal entrou na União Europeia e, em linha directa, na União Económica e Monetária.
Portugal fez um percurso histórico indeclinável: a perda do império envolveu a tragédia de uma geração, enquanto a conquista da democracia assumiu um relevo épico. A revolução do 25 de abril de 1974 marcou o fim de um certo espírito libertário que inspirou a política europeia desde a Revolução Francesa. A História vista como ela é, uma história de acontecimentos desencontrados que tecem um argumento, coloca Portugal a iniciar a globalização do civilização ocidental e a encerrar o desígnio revolucionário da Europa. É certo que ainda houveram as revoluções de veludo, a queda do muro de Berlim, os levantamentos populares no leste europeu. Mas já não era a mesma coisa.
Durante estes séculos, Portugalendividou-se, investiu uma parte do dinheiro que lhe foi emprestado pelos usurários, malbaratou a outra parte em futuros quiméricos. Fez de rico ao pedir empréstimos vultuosos e não criou riqueza para o seu povo.
Por fim, entrou no último dos sonhos, a Europa do período pós queda do muro. Uma Europa central e calvinista, rasgada por histórias de guerras mundiais e soluções impostas pelas potências dominantes.
Portugal entrou nesta Europa de forma ingénua (ou oportunista). Quis seguir a linha recta que vinha da adesão à União. Não estava preparado. Vieram outras vez as dívidas, defendidas pela solidariedade pan-europeia e justificadas na solidez da moeda única. Uma armadilha.
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