Pesquisar neste blogue

sábado, 30 de novembro de 2013

Os facilitismos

As definições são muito exigentes e podem ajudar a colocar-nos no centro de uma reflexão mais complexa sobre determinado assunto.

O facilitismo refere-se a uma atitude ou a uma prática sistemáticas destinadas a tornar fácil a execução de alguma coisa que habitualmente é obtida ou realizada através da aplicação de esforço, de empenho ou de disciplina.

Nos últimos anos a palavra "facilitismo" surgiu epidermicamente associada ao sistema educativo português. Ensina-se pouco, aprende-se ainda menos e os exames e testes intermédios são exageradamente simples, de forma a esconder as duas situações anteriores. Deixemos por agora o sistema educativo e meditemos em outro exemplo.

A subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC - "subconcessão da utilização privativa do domínio público e das áreas afetas à concessão dominial atribuída à sociedade Estaleiros Navais de Viana do Castelo) ao Grupo Martifer é um exemplo de facilitismo.

Os ENVC foram nacionalizados em 1975 e são, desde 1991, uma sociedade anónima de capitais maioritariamente públicos. O governo português, e o presidente da república, definiram em documentos programáticos públicos e em declarações oficiais que o mar é uma das prioridades para o desenvolvimento económico do país.

A construção naval foi um dos sectores mais importantes da economia portuguesa e acumulou ao longo de séculos competências técnicas e tecnológicas que constituem um património inalienável do povo português.

Os governos de ps dispensaram aos ENVC ajudas financeiras que, à luz dos regulamentos comunitários, podem vir a ser consideradas irregulares.

Os ENVC empregam mais de 600 trabalhadores. Depois da subconcessão à Martifer um terço será reformado e dois terços serão despedidos com a respectiva indemnização. Tiveram sorte estes últimos dois terços porque irão receber aquilo que as leis do trabalho estabelecem.

A cidade de Viana do Castelo perde a sua indústria mais emblemática e numerosas actividades económicas estão já a ressentir-se e sê-lo-ao ainda mais no futuro.

Em resumo, a ideologia facilitista do governo português irá permitir que um sector económico produtor de bens transaccionáveis seja despedaçado, que cerca de 400 trabalhadores sejam despedidos, que a europa continue a limitar a nossa competitividade no contexto da divisão internacional do trabalho, que portugal continue de costas viradas para o mar.

E isto porquê? porque é mais difícil recuperar financeiramente uma empresa em dificuldades mas que tem um repositório de competências de grande valia do que vendê-la ao desbarato; porque é mais difícil recuperar património público (pago com impostos) do que aliená-lo; porque é mais difícil enfrentar a união europeia e pagar essas consequências do que despedir trabalhadores e destruir empresas e sectores; porque é mais difícil enfrentar a comissão europeia do que desertificar cidades e regiões.
        
Atitude ou prática que consiste em facilitar a execução de algo que habitualmente exige esforço, empenho ou disciplina (ex.: o facilitismo é contrário à exigência).

"facilitismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/facilitismo [consultado em 29-11-2013].
Atitude ou prática que consiste em facilitar a execução de algo que habitualmente exige esforço, empenho ou disciplina (ex.: o facilitismo é contrário à exigência).

"facilitismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/facilitismo [consultado em 29-11-2013].
Atitude ou prática que consiste em facilitar a execução de algo que habitualmente exige esforço, empenho ou disciplina (ex.: o facilitismo é contrário à exigência).

"facilitismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/facilitismo [consultado em 29-11-2013].

Sem comentários: