O economista Paul de Grauwe defende que o problema da economia dos países da Europa do Sul, designadamente de Portugal, está do lado da procura e não do lado da oferta. Acrescenta ainda, que a necessidade de reformas estruturais é um mito porque estas se destinam a corrigir os problemas da oferta quando, efectivamente, os problemas que vivemos estão do lado da procura. Isto é, enquanto a economia não crescer, não sairemos do atoleiro em que nos encontramos.
Não domino os instrumentos de análise que permitam concordar ou discordar com este ponto de vista. Em todo o caso, sou tentado a aderir a esta hipótese, quanto mais não seja, porque as reformas estruturais que estão a ser feitas não têm efeitos ou, tendo algum efeito, trarão do ponto de vista político e social, uma sociedade mais imperfeita e injusta.
Contudo, no caso da economia portuguesa, a questão da moeda, o euro, veio introduzir distorções acentuadas na estrutura produtiva, empobrecendo-a e decapitando sectores industriais e agrícolas fundamentais. Induzir o aumento da procura interna sem modificar a tipologia da oferta contribuirá, necessariamente, para a insolvência das contas do país. O ponto está em saber se a modificação estrutural da nossa economia pode ter sucesso no contexto de uma moeda como o euro.
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