Diz o presidente da república que o consenso político é fundamental para o futuro do país. Acrescenta ainda que, ao contrário do que acontece em todos os países europeus, em Portugal não se estabelecem acordos entre os partidos para a resolução dos grandes problemas nacionais. Penso que estará a referir-se aos sempre nomeados acordos de regime.
O presidente da república tem razão. O consenso partidário em Portugal é quase inexistente: o ps não tem espaço interno ou externo para estabelecer um acordo, ainda que mínimo, com o psd e com o cds. Este último tem deixado algumas pistas que podem tornar-se importantes no futuro. Quem sabe se o "Estado melhor" não salvará o ps do seu isolamento.
O ps tem razões históricas para não querer alianças com o pcp ou com o be. Diga-se em abono da verdade que o soarismo tornou qualquer aproximação impossível no passado e, no presente, a falta de profundidade política e ideológica está a fazer o resto do trabalho.
Até o psd e o cds têm dificuldade em manter a coligação de governo que sobrevive por imposição e conveniência dos mercados e da troica.
Mas o exemplo deveria vir do magistrado mais diferenciado da nação. E a história da sua intervenção política demonstra exactamente o contrário do que ele pretende que aconteça na sociedade portuguesa. Os seus discursos em datas emblemáticas (25 de abril, 10 de junho, 5 de outubro) só contribuíram para o afastamento entre os partidos e para que, de forma sistemática, as linhas de concordância entre as diversas forças políticas se quebrem.
Portanto, uma ajuda imprescindível para a promoção do diálogo entre as forças políticas é a mudança dos actores, assumindo particular relevância a substituição do presidente da república.
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