A História revisita obsessivamente os momentos que não ficaram resolvidos, assumindo este movimento traços marcadamente psicanalíticos.
A União Europeia, em Março de 2011, não tinha ainda o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE - European Stability Mechanism), o qual foi criado no dia 21 de Julho de 2011 numa cimeira dos 17 países membros da Zona Euro.
Aliás, o MEE foi constituído para responder às dificuldades de países da Zona Euro que tinham as suas dívidas soberanas sobre especulação dos mercados financeiros. E o PEC IV não era senão uma forma de evitar o resgate de Portugal até que o país pudesse recorrer aos procedimentos previstos no MEE.
A Alemanha e a chanceler Merkel, bem como os mercados não queriam o resgate, o governo português propôs o PEC IV para ganhar tempo até à criação do MEE e à aplicação de algo muito semelhante a um programa cautelar; Sócrates, percebe-se hoje, tinha um acordo tácito e semi-informal com a chanceler para evitar o resgate pela troica.
Quem queria o resgate eram as forças políticas da oposição e o presidente da república. E não foram apenas o psd e o cds. Mas também o pcp e o be.
Por isso, independentemente daquilo que se possa pensar de Sócrates, em 2011 ou agora, a verdade é que a História registará que, no dia 23 de Março de 2011, em plena Assembleia da República, ocorreu um acto de traição à pátria: por pura ambição política partidária, um grupo de forças políticas e de personalidades mesquinhas, comprometeram o futuro de Portugal por muitas décadas.
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