A direcção de informação da RTP anunciou que o ex-primeiro ministro José Sócrates irá ter um programa de comentário político no Canal 1 com periodicidade semanal (?). A notícia dilacerou o espaço público e colocou este acontecimento em paridade de importância com assuntos como, por exemplo, a decisão do Tribunal Constitucional sobre o orçamento de Estado para 2013.
Todos os portugueses passaram a ter alguma para comentar sobre o regresso de José Sócrates. Surgiram as petições públicas, duas contras e duas a favor. Apareceram aqueles que gostariam ter José Sócrates de volta mas mais tarde, após um período de luto mais prolongado. Desejavam até que nunca voltasse, mantendo-se a hipótese velada do seu regresso. Deram à costa os ódios pessoais dos inimigos políticos e dos catequizandos do passa-culpas do governo e da maioria. E os que exultaram: afinal vai chegar alguém que vai por ordem na oposição, enfrentar de forma determinada a troika e a matilha neoliberal.
Do ponto de vista editorial e da conquista de audiências, a RTP fez uma aposta forte e espera obter dividendos. Sendo uma instituição em processo de reestruturação, a direcção da televisão pública e o ministro da tutela ganham espaço mediático para fazerem o que querem fazer fora do foco do escrutínio público. O ministro da tutela andou a ler o "Príncipe para Totós" e, como no final havia um exercício prático, nada melhor que trazer José Sócrates para a arena pública, ameaçando remeter António José Seguro para os curros.
Os amigos e correligionários de José Sócrates torcem o nariz: muito cedo, retira força ao Partido Socialista, diminui a consistência da oposição ao governo e à maioria. Devo confessar que não imaginei que José Sócrates arriscasse um retorno à vida pública tão precoce. A via do comentário é estrictamente utilitarista. Sócrates nunca será visto como um comentador.
Com certeza que José Sócrates ponderou todos os aspectos acima referidos e muito outros. E decidiu voltar. Sendo assim, podemos fazer um exercício de previsão sobre a forma como José Sócrates vai utilizar este espaço de intervenção pública. Serve apenas como tal: um mero exercício.
Haverá, inevitavelmente, um momento inicial em que terá de acertar as suas razões e interpretações com os factos da história recente de Portugal (pós 2008). E terá de ir mais longe de forma a incluir todo o período de 2005 a 2011. Esta fase até pode ser benéfica para António José Seguro. Retira-lhe a necessidade premente de se posicionar em relação aos governos de Sócrates. Fica livre para olhar para o futuro. Aliás, antevejo que Sócrates não quererá constituir em torno de si uma oposição interna à liderança do actual secretário geral do Partido Socialista. Não quererá ser canditato a primeiro-ministro. Quererá ser algo a nível internacional, por exemplo a nível europeu. Não estará na pista de Seguro, mas pode ajudar Seguro a correr na sua própria pista.
Do ponto de vista editorial e da conquista de audiências, a RTP fez uma aposta forte e espera obter dividendos. Sendo uma instituição em processo de reestruturação, a direcção da televisão pública e o ministro da tutela ganham espaço mediático para fazerem o que querem fazer fora do foco do escrutínio público. O ministro da tutela andou a ler o "Príncipe para Totós" e, como no final havia um exercício prático, nada melhor que trazer José Sócrates para a arena pública, ameaçando remeter António José Seguro para os curros.
Os amigos e correligionários de José Sócrates torcem o nariz: muito cedo, retira força ao Partido Socialista, diminui a consistência da oposição ao governo e à maioria. Devo confessar que não imaginei que José Sócrates arriscasse um retorno à vida pública tão precoce. A via do comentário é estrictamente utilitarista. Sócrates nunca será visto como um comentador.
Com certeza que José Sócrates ponderou todos os aspectos acima referidos e muito outros. E decidiu voltar. Sendo assim, podemos fazer um exercício de previsão sobre a forma como José Sócrates vai utilizar este espaço de intervenção pública. Serve apenas como tal: um mero exercício.
Haverá, inevitavelmente, um momento inicial em que terá de acertar as suas razões e interpretações com os factos da história recente de Portugal (pós 2008). E terá de ir mais longe de forma a incluir todo o período de 2005 a 2011. Esta fase até pode ser benéfica para António José Seguro. Retira-lhe a necessidade premente de se posicionar em relação aos governos de Sócrates. Fica livre para olhar para o futuro. Aliás, antevejo que Sócrates não quererá constituir em torno de si uma oposição interna à liderança do actual secretário geral do Partido Socialista. Não quererá ser canditato a primeiro-ministro. Quererá ser algo a nível internacional, por exemplo a nível europeu. Não estará na pista de Seguro, mas pode ajudar Seguro a correr na sua própria pista.
O governo terá um problema, mas não cairá pela presença de José Sócrates como comentador na RTP. E há o Presidente da República. Existem uns prefácios para serem respondidos. Aguardemos.
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