Pesquisar neste blogue

terça-feira, 26 de março de 2013

As crises

Do ponto de vista político, uma crise traduz um momento em que os conflitos entre os grupos ou no interior dos grupos se tornam mais tensos. Deve acrescentar-se uma dimensão fundamental para o entendimento do fenómeno da "crise política": a imprevisibilidade. De facto, na situação de crise política, a imprevisibilidade na evolução da situação coloca em dúvida a resistência das instituições em resolver os conflitos.

No momento de crise política que vivemos em Portugal, avulta aquela que pode ser denominada a "crise da oposição". Parece paradoxal que se sublinhe a crise da oposição quando quem governa revela um défice congénito sobre o conhecimento da realidade nacional e europeia. Mas, na verdade, a crise mais relevante é a da oposição. O sistema político apresenta-se bloqueado e pantanoso devido à ausência de alternativas à esquerda dos partidos da maioria governamental.

O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda têm contribuído, reconheça-se, para o enriquecimento do debate sobre a questão da dívida e dos défices: renegociação da dívida, saída eventual da zona euro. Este posicionamento apesar de pouco profundo a nível do detalhe, rompe com o círculo apertado da opção pelo ajustamento orientado pela troika e pelo memorandum.  

O Partido Socialista quer renegociar o memorandum, sem renegociar o enquadramento macroeconómico e financeiro do ajustamento. A sociedade portuguesa duvida subliminarmente da alternativa política e ideológica apresentada pelo Partido Socialista. E esta limitação deita tudo a perder, constituindo uma das faces da actual crise política.

Sem comentários: