Em 1962, Andrei Tarkovsky realizou o filme a Infância de Ivan, inspirando-se na história de Vladimir Bogomolov. O filme, rodado na antiga União Soviética, corresponde ao período de abertura ideológica ocorrido após a era estalinista.
A 2.ª Guerra Mundial tinha terminado havia 17 anos. A União Soviética tinha sido vítima de uma catástrofe humanitária sem precedentes. Por sua vez, o regime estalinista ganhou, paradoxalmente, ou nem tanto, um novo fôlego com a vitória no conflito.
Os temas inspirados na "guerra patriótica", nos enredos de heroísmos sem precedentes e de soldados emoludos pela crença numa sociedade nova, eram dominantes na expressão artística. Ivan é uma criança de 12 anos, cujos sonhos pueris surgem fortes e intensos apenas nos sonhos. A família tinha sido dizimada pelos alemães e ele tornara-se um batedor do exército vermelho. Não quer o socialismo ou o homem novo. Quer a vingança, observar a morte na sua face mais real. Não é um filme sobre o realismo socialista. É um filme sobre o realismo emocional. As personagens parecem querer reaprender a ter sentimentos, de forma desajeitada é certo, mas transparente.
A floresta de bétulas em que se abrem vidas de par em par é luminosa. Vive numa paz imensa, recriada em cada diálogo. Mas sempre monótona e sempre contínua. Uma luta fratricida com o pântano que existe pela noite dentro, com vivos que parecem ser eternos e mortos que parecem ressuscitar para ajudar os vivos.
Tarkovsky ensaia aqui a futura filmografia. Mesmo quando Ivan e a irmã correm até ao limite da lingueta de areia da praia recriada pelo sonho, ficamos a saber que estas personagens continuarão a correr noutros filmes. Noutros sonhos.
A 2.ª Guerra Mundial tinha terminado havia 17 anos. A União Soviética tinha sido vítima de uma catástrofe humanitária sem precedentes. Por sua vez, o regime estalinista ganhou, paradoxalmente, ou nem tanto, um novo fôlego com a vitória no conflito.
Os temas inspirados na "guerra patriótica", nos enredos de heroísmos sem precedentes e de soldados emoludos pela crença numa sociedade nova, eram dominantes na expressão artística. Ivan é uma criança de 12 anos, cujos sonhos pueris surgem fortes e intensos apenas nos sonhos. A família tinha sido dizimada pelos alemães e ele tornara-se um batedor do exército vermelho. Não quer o socialismo ou o homem novo. Quer a vingança, observar a morte na sua face mais real. Não é um filme sobre o realismo socialista. É um filme sobre o realismo emocional. As personagens parecem querer reaprender a ter sentimentos, de forma desajeitada é certo, mas transparente.
A floresta de bétulas em que se abrem vidas de par em par é luminosa. Vive numa paz imensa, recriada em cada diálogo. Mas sempre monótona e sempre contínua. Uma luta fratricida com o pântano que existe pela noite dentro, com vivos que parecem ser eternos e mortos que parecem ressuscitar para ajudar os vivos.
Tarkovsky ensaia aqui a futura filmografia. Mesmo quando Ivan e a irmã correm até ao limite da lingueta de areia da praia recriada pelo sonho, ficamos a saber que estas personagens continuarão a correr noutros filmes. Noutros sonhos.
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