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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Reflexão II

Estou no Barlavento. Todos os anos em Agosto venho para o Barlavento. E todos os anos olho para a praia com a ansiedade de quem quer ver algo mais do que pode ser observado de forma imediata. Decanto a memória à procura das recordações dos anos anteriores. Imagens, frases, cheiros, sensações, emoções, angústias relacionadas com o crescimento das minhas filhas.
Esta praia tem pouco a ver comigo. Esta praia não contribuiu para a minha reflexão, a sedimentação das ideias: passou de forma ligeira sobre os acontecimentos e as histórias. Sobretudo, sobre as histórias.
A minha praia é no Sotavento: e já não a reconheço. Volto lá todos os anos, durante uma manhã ou uma tarde, para visitar o meu irmão. Que ficou na praia da infância. As pessoas, o mar, a areia, os projectos, os cheiros, o ordenamento: as linguagens não são as mesmas de outrora.
Estou agora no Barlavento: observador. A praia do Sotavento já não existe.