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sábado, 16 de março de 2019

Roxy


Morreste. Não te repetirás. Ficaste onde estiveste. Ao lado do meu lugar. Sentada perto de mim.
Não quero que tenhas estado por nós. Tenho a liberdade de pensar que foste feliz ao nosso lado.
O olhar humano que conquistaste à biologia está na minha memória. E a tua memória no teu olhar que desaparece para reaparecer pelo tempo afora; nos tempos que virão pelas memórias adentro.
Parecias feliz por fazeres parte, connosco, de uma família. Todos os dias assomo os teus pequenos gestos para justificar este meu pensamento egoísta, derivado de uma longínqua luta pela sobrevivência.  
Ergues-te com dificuldade crescente para encontrares um pequeno afago ou reconhecimento. Uma lenta afirmação de pertença por aquele afecto que merecias. Nunca violento, nunca definitivo, feito de um jeito miúdo e suplicante.
Todos os dias tínhamos o encontro pela manhã. Gulosa. Sem um latido. Muito convicta, com os passos que a tua fragilidade física permitia. Os anos e a gulodice pesavam-te num corpo que tinha sido irrequieto e cabriola. Minha cabriola. Disponível como nenhum ser humano.

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