Portugal tem um novo
governo, o XX governo constitucional, liderado pelo primeiro-ministro do
governo anterior, Pedro Passos Coelho. O líder da coligação de centro-direita
que ganhou, com maioria relativa, as eleições legislativas de 4 de Outubro, foi
chamado pelo presidente da república, segundo este, para cumprir a constituição
da república e a tradição (constitucional).
Dizem os partidos da esquerda que esta
nomeação é uma perda de tempo na medida em que este governo será rejeitado na
assembleia da república e porque, concomitantemente, está a ser concebido um acordo
entre o ps, o pcp e o be para a construção de uma maioria parlamentar.
Eu penso que Pedro Passos
Coelho teria de ser indigitado como primeiro-ministro pelo presidente da república
e, por outro lado, a república precisa que o seu governo seja apresentado para escrutínio parlamentar.
Não é que a constituição
portuguesa contenha a exigência que uma coligação pré-eleitoral que ganhe as eleições
com maioria relativa deva ser chamada para formar o governo em detrimento de um
partido que ficou em 2.º lugar e conseguiu um acordo pós-eleitoral entre forças políticas
parlamentares de forma a garantir uma maioria absoluta no parlamento. Não, de
todo.
Contudo, existem três
motivos, de cariz estritamente político, que legitimam a opção do presidente da
república:
- Ainda não existe um acordo político entre ps, pcp e be para apoiar um governo minoritário do ps. Portanto, não existe uma alternativa ao governo minoritário da coligação PàF;
- Para além de não existir um acordo político firmado, existe a probabilidade de este acordo não ser viável;
- Finalmente, num contexto de instabilidade parlamentar previsível, para qualquer das duas opções governativas, é benéfico do ponto de vista político progredir de forma progressiva, preenchendo todos as opções, convocando a racionalidade para que alivie a tensão emocional pós-eleitoral.
A única vantagem de queimar
etapas seria a de ter tempo para elaborar e fazer aprovar um orçamento
rectificativo para 2015 e o orçamento de 2016. Mas estas tarefas foram comprometidas
quando as eleições legislativas foram marcadas para 4 de Outubro.
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