Pesquisar neste blogue

terça-feira, 15 de maio de 2012

Estar desempregado e a oportunidade

Dizia o primeiro-ministro de Portugal, há alguns dias atrás, que estar desempregado pode ser uma oportunidade. A reação geral da sociedade foi desfavorável. A esquerda protestou. A direita sentiu um desconforto cínico. Até os teóricos do liberalismo paroquiano nacional acharam que não foi próprio da época que atravessamos. E num fundo o homem disse três verdades ao mesmo tempo: a) o primeiro-ministro pensa mesmo aquilo que disse, não foi hipócrita; b) disse que estar desempregado podia ser uma oportunidade, isto é, para alguns desempregados, pode ser uma oportunidade, logo para outros não é uma oportunidade. Deixou-nos com a expectativa de que em próxima ocasião dirá qualquer coisa como "estar desempregado pode não ser uma oportunidade"; c) por último, existe algum abuso de interpretação: o primeiro- ministro não identificou o sujeito da oportunidade de estar desempregado. Todos entenderam que seria o desempregado. Mas podem ser outros os beneficiários da oportunidade. Lembro-me entre outras da seguintes hipóteses: os empregadores, os funcionários dos departametos de recursos humanos das empresas, os funcionários dos centros de emprego, as empresas farmacêuticas que comercializam antidepressivos genéricos, os restaurantes e hotéis da Suíça e da Alemanha, o santuário de Fátima e as manifestações intensas de crença religiosa, as outras religiões, o grupo dos "indignados", o Lidl, os funcionários das instituições prisionais, etc, etc.

Sem comentários: