A Grécia, essa desconhecida

Sejamos honestos: não conhecemos a situação que se vive na Grécia. Os meios de comunicação social transmitem uma imagem sincopada da realidade social e económica vivida pelos gregos, das ideias que têm para o seu futuro e para a Europa. Por mero acaso, ouvi hoje as entrevistas concedidas por alguns gregos e portugueses a viver na Grécia a jornalistas da rádio portuguesa. Perguntas curtas, sobre o dia-a-dia, sem rodeios. Respostas claras, sem preparação, com necessidade de serem profundas ou definitivas. Mereceram-me uma reflexão. Julguei que devia isso àquelas pessoas. Parecia-me que existia alguma coisa de comum em tudo o que tinha ouvido. Eram pessoas diferentes, mulheres e homens da classe média, diferenciados, analíticos, observadores. Faltava-lhes futuro. A palavra, os subentendidos, o dito e o por dizer. Não têm futuro, não encontram o futuro no meio de tudo o que lhes está a acontecer. Não há nada de mais perigoso que um país sem qualquer ideia para o seu futuro. A história conta as guerras, a miséria e o sofrimento a que tal situação conduz.