A Jacquerie (1358), a Revolução Francesa (1789), o Maio de 68, os Gilets Jaunes (2018). Os franceses têm uma tradição de revoltas desencadeadas pela combinação de uma decisão emblemática do poder e de uma rejeição emocional ao comportamento individual do(s) governante(s).
No caso do movimento dos Gilets Jaunes foi o aumento do imposto sobre gasóleo e a antipatia pelas atitudes arrogantes do presidente Macron em relação aos franceses.
Mas a história da França (a história, no geral) não é um amontoado de analogias intemporais. A Revolução Francesa e o movimento dos Gilets Jaunes têm origens distintas.
Macron é, do ponto de vista ideológico, um liberal. É um liberal que tem a convição de que a França tem de reformar os fundamentos essenciais da sua sociedade - com prejuízo de camadas importantes da população - , contribuindo para o reforço do projeto europeu.
Por outro lado, Macron reconhece a necessidade da transição energética com o objetivo de descarbonizar o tecido económico.
Este enquadramento reformista exigente não pode ser realizado quando recai sobre o líder na nação a suspeita de que está do lado dos poderosos, exatamente daqueles que serão menos atingidos pelas alterações que será necessário incluir na estrutura social e económica da França.
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