A Grécia procura o
futuro numa inequação, uma desigualdade: os recursos financeiros que a nação
pode reunir, num espaço de tempo, digamos razoável, são inferiores, largamente,
à dívida que contraiu em nome da geração actual e das gerações vindouras.
A Grécia é um Estado
que se governa por leis próprias e por leis da União Europeia (EU). Desta
forma, os recursos financeiros a reunir podem provir do conjunto de indivíduos
que partilham os mesmos usos, costumes e língua, a Nação, dos indivíduos de
outras nações da UE ou de instituições financeiras transnacionais (banco
central europeu, fundo monetário internacional).
À acumulação de dívida
pela nação acrescentou-se a recusa de muitos dos cidadãos nacionais juntarem os
seus recursos aos recursos do Estado (fuga de capitais) e a recusa dos cidadãos
de outras nações da EU, com outros usos e costumes, perdoarem as dívidas.
Em 2010, quando a
Grécia se tornou insolvente, as nações da zona do euro preferiram disponibilizar
recursos financeiros para que a Grécia pagasse algumas dívidas, especificamente
aquelas que a nação grega tinha com os bancos internacionais (franceses e
alemães). No fundo, a Alemanha e a França preferiram ter como devedor a nação
grega em detrimento dos seus bancos nacionais. E percebe-se porquê: em caso de
um resgate suportado pelos depositantes e pelos accionistas dos bancos, os seus cidadãos seriam directamente afectados.
Em 2010 a nação grega,
mais do que falta de liquidez, estava insolvente. E o programa de ajustamento
económico e financeiro não resultou.
Um 2.º resgate teve de ser implementado para
não prejudicar os contribuintes das nações da EU. A inequação agravou-se, com a
dívida a crescer ainda mais e a capacidade de reunir os recursos financeiros a
diminuir. Entretanto, enquanto isto acontecia, mais quatro países eram
resgatados: Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre.
A questão fundamental
neste momento, em que o governo da nação grega, enfrenta o eurogrupo e a união
europeia não é entre “mais austeridade” e “reestruturação da dívida” (por isso,
o referendo de Julho pode ter sido apenas uma manobra táctica).
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