Durante
o mês de Junho, em Portugal, o espaço público foi preenchido por quatro
assuntos: o confronto político entre o governo e o tribunal constitucional
sobre a declaração de inconstitucionalidade de normas inscritas na lei do
orçamento de estado para 2014, a guerra entre António José Seguro e António
Costa pela liderança no partido socialista, as lutas internas no grupo espírito
santo, que revelaram a falência da holding (espírito santo finantial group) e colocaram em dúvida a robustez do banco espírito
santo (bes) e, finalmente, a participação da selecção nacional no mundial de futebol do
Brasil.
O
final do mês chega sem que estejam consolidadas as linhas de fractura que
emergiram no contexto de cada um destes assuntos.
O
governo ainda não definiu a forma como irá preencher o buraco orçamental criado
pela decisão do tribunal constitucional. Além do mais, alega que ainda existem
decisões pendentes sobre outras normas do orçamento e, portanto, o diagnóstico da
situação financeira persiste incompleto. Este conflito continuará a condicionar
a vida política portuguesa nos próximos meses e, talvez, nos próximos anos.
O
partido socialista foi atirado, pelo aparelhismo, para um confronto fratricida.
Terá eleições primárias a 28 de Setembro. António José Seguro estava destinado
a uma carreira de funcionário superior dentro do partido socialista e, (auto)-destinado a ocupar o cargo de primeiro-ministro como
consequência da primeira. Ele conhece como ninguém a estrutura mental dos
militantes do partido e, durante décadas, construiu-se inteiramente a pensar
neles. O país viria depois. Agora, mais uma vez, recorre ao partido para chegar
ao país.
O
bes e a holding da família Espírito
Santo deixaram de ser intocáveis. A crise financeira, iniciada em 2008, continua
a enviar ondas sísmicas com impacto sobre todo o sistema financeiro. A dívida da
holding pode colocar em risco o
próprio banco e, dessa forma, criar um problema grave na economia portuguesa.
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