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domingo, 16 de março de 2014

Manifesto dos 70 - o confronto das moralidades

O governo, a maioria e os "comentadores e bloguistas económicos" manifestaram de imediato a sua oposição ao Manifesto dos 70. O nervosismo foi muito transparente. Uns acreditam que os mercados, a tróica e Alemanha nos podem penalizar por esta irreverência ingénua (o Manifesto como coisa "triste"). Outros consideram que os subscritores não perceberam, ainda, o que está em causa: a crise económica e financeira é uma oportunidade para expiar um pecado isto é, de reformar o estado pondo fim à redistribuição rendimentos promovida pelo estado social (europeu). É uma oportunidade para a reposição da moralidade. E o processo será tanto mais eficaz quanto mais implacável e inatingível.

O Manifesto dos 70, por sua vez, acredita, como todos os documentos idealistas, que existem princípios morais que, no fim das contas, se irão impôr aos comportamentos sociais. A Alemanha e os países congéneres do centro reconhecerão que o princípio da solidariedade é benéfico para todos, a médio e longo prazo. As eleições europeias são uma oportunidade para alterar as orientações das políticas sociais e económicas dominantes na zona do euro.

E, supremo idealismo, os subscritores imaginam que o alongamento dos prazos para pagamento da dívida, a diminuição dos juros e a reestruturação (que se assume como estando já em marcha na consciência das instituições) determinará, inevitavelmente, o crescimento económico e o reforço das coesões sociais. Depois da expiação dos pecados regressaremos ao estado anterior de aliança pacífica com os deuses dos mercados.

Prevejo que nenhuma das posições será seguida linearmente pela História. 

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