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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As boas notícias e as sombras

Um amigo meu comentava, hoje, que existem boas notícias do lado económico e, portanto, não compreendia a atitude de algumas pessoas, entre as quais José Sócrates, que procuravam negar esta evidência. Ia contudo reconhecendo que as boas notícias não tinham ainda chegado ao dia a dia das pessoas.

Vivemos tempos difíceis em Portugal. O país tem perdido progressivamente a soberania desde 1977, altura em que ocorreu a primeira intervenção do fundo monetário internacional (FMI). Desde aí para cá, a 2.ª intervenção do FMI (1983), a entrada para a comunidade económica europeia (CEE, 1985) e a entrada para a zona do euro (1 de janeiro de 1999) representaram os degraus que acentuaram o declive da recta que estamos a percorrer. Por fim, o abismo: o resgate pela troica em abril de 2011, com a recta a cruzar o eixo das abcissas configurando um ângulo recto.  

Muitos portugueses afirmam à mesa do café que seria muito melhor sermos governados pela Espanha, ou pela Alemanha ou pela União Europeia.

Com esta lengalenga não pretendo defender o "orgulhosamente sós" ou o "antes pobres e honrados que ricos e vergados". Quero apenas dizer que as realidades que vivemos são, muitas vezes, sombras das realidades. Vivemos numa espécie de caverna platónica. 

A taxa de desemprego está a diminuir, isto é, mesmo se descontarmos a emigração, ocorreu um aumento do número de empregos disponíveis. As exportações continuam a crescer, o défice público ficou abaixo do previsto após várias revisões e as taxas de juro das obrigações portuguesas estão a cair de forma consistente há meses. No tempo de José Sócrates era tudo ao contrário. Por isso, José Sócrates bem pode bramir no deserto. E mais, erro mais do que crasso, ele brame mesmo, no deserto. Verdade se diga, não creio que encontre o caminho para a saída.

E, no fundo, tudo isto era previsível. Demasiado previsível.    

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