Quando
o país acordou estavamos a discutir de novo o
programa cautelar com o vigôr amargo de um destino inevitável. O país que se
comoveu com o desaparecimento de Eusébio retomou o seu destino
inelutável.
Eusébio
mais uma vez fez esquecer a realidade durante uns curtos instantes de história.
A comemoração da sua morte e as comemorações dos seus golos extraordinários
sempre abriram intervalos com esperança no horizonte deste povo antigo. Portanto,
Eusébio foi igual na morte ao que sempre foi em vida: um símbolo de Portugal.
Na mesma madrugada em que morreu Eusébio um tornado varreu Paredes, desalojou famílias, destruiu teres e haveres, destruiu o produto de muito esforço de portugueses humildes. A natureza parecia estar contra Portugal.
E na 2.ª feira, Eusébio foi a enterrar sob a esperança de muitos portugueses que alimentavam uma esperança inconfessada de que não fosse verdade o que estavam a viver. Talvez Eusébio ainda voltasse a jogar nos relvados deste mundo para marcar aqueles golos tremendos. Talvez a vida pudesse voltar para trás para a vivermos melhor e corrigir os erros que cometemos.
Aquela figura esguia e revoltosa, decidida e imaginativa, que tratava a jogada com a sofreguidão de ir viver o último momento, fez outro drible admirável num dia de chuva intensa e céu cinzento.
O mar fustigou incessantemente as praias da nossa costa marítima.
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