As motivações de george soros podem não ser evidentes mas vale a pena ler esta prosa:
"... a União Europeia está a caminhar no sentido de um longa estagnação... As apostas são altas: os Estados-membros podem sobreviver a uma – ou mais – década perdida; mas a União Europeia, uma incompleta associação de Estados-membros, pode facilmente ser destruída.
A concepção do euro – realizada com base no marco alemão – foi uma falha fatal. Criar um banco central comum sem um ministério das Finanças comum, significa que as dívidas públicas são definidas numa moeda que nenhum Estado-membro controla, tornando-os assim vulneráveis ao risco de incumprimento. Em consequência do "crash" de 2008, muitos Estados-membros ficaram sobre-endividados e o prémio de risco criou uma divisão permanente entre credores e devedores. Este defeito poderia ter sido corrigido substituindo as obrigações de cada país por Eurobonds. Infelizmente, a chanceler alemã Angela Merkel, reflectindo a mudança radical na atitude alemã face à integração europeia, colocou de parte essa possibilidade. Antes da reunificação, a Alemanha era o principal motor da integração. Agora, esmagados pelos custos da reunificação, os contribuintes germânicos estão determinados em evitar tornarem-se num bolso sem fundo para os devedores europeus.
Após o crash de 2008, Merkel insistiu que cada país devia tomar conta das suas instituições financeiras e que as dívidas públicas deviam ser, totalmente, pagas. Sem o perceber, a Alemanha está a repetir o trágico erro dos franceses após a I Guerra Mundial...as políticas de Merkel estão a provocar o reaparecimento de movimentos extremistas no resto da Europa.
Os acordos que actualmente governam o euro estão para ficar, porque a Alemanha irá sempre suportar o mínimo para preservar a moeda comum – e porque os mercados e as autoridades europeias irão punir qualquer país que desafie esses acordos. Ainda assim, a fase mais complicada da crise financeira chegou ao fim. As autoridades financeiras da Europa reconheceram, tacitamente, que a austeridade é contra-produtiva e pararam de impor mais constrangimentos orçamentais. Isto deu aos países devedores alguma margem de manobra e, mesmo na ausência de perspectivas de crescimento, os mercados financeiros estabilizaram.
As futuras crises vão ser, na sua origem, políticas. De facto, isto já é visível: a União Europeia está tão voltada para si própria que não consegue responder de forma adequada a ameaças externas: sejam elas a Síria ou a Ucrânia. Mas as perspectivas estão longe de ser desanimadoras; o reaparecimento da ameaça da Rússia pode reverter a tendência de desintegração da Europa.
Com a crise, a União Europeia deixou de ser um "objecto fantástico" que inspira entusiasmo para se tornar em algo radicalmente diferente. O que era suposto ser uma associação voluntária de Estados iguais que sacrificaram parte da sua soberania por um bem comum... transformou-se com a crise do euro numa relação entre países credores e devedores que não é nem voluntária nem igual. De facto, o euro pode destruir a União Europeia..."
"... a União Europeia está a caminhar no sentido de um longa estagnação... As apostas são altas: os Estados-membros podem sobreviver a uma – ou mais – década perdida; mas a União Europeia, uma incompleta associação de Estados-membros, pode facilmente ser destruída.
A concepção do euro – realizada com base no marco alemão – foi uma falha fatal. Criar um banco central comum sem um ministério das Finanças comum, significa que as dívidas públicas são definidas numa moeda que nenhum Estado-membro controla, tornando-os assim vulneráveis ao risco de incumprimento. Em consequência do "crash" de 2008, muitos Estados-membros ficaram sobre-endividados e o prémio de risco criou uma divisão permanente entre credores e devedores. Este defeito poderia ter sido corrigido substituindo as obrigações de cada país por Eurobonds. Infelizmente, a chanceler alemã Angela Merkel, reflectindo a mudança radical na atitude alemã face à integração europeia, colocou de parte essa possibilidade. Antes da reunificação, a Alemanha era o principal motor da integração. Agora, esmagados pelos custos da reunificação, os contribuintes germânicos estão determinados em evitar tornarem-se num bolso sem fundo para os devedores europeus.
Após o crash de 2008, Merkel insistiu que cada país devia tomar conta das suas instituições financeiras e que as dívidas públicas deviam ser, totalmente, pagas. Sem o perceber, a Alemanha está a repetir o trágico erro dos franceses após a I Guerra Mundial...as políticas de Merkel estão a provocar o reaparecimento de movimentos extremistas no resto da Europa.
Os acordos que actualmente governam o euro estão para ficar, porque a Alemanha irá sempre suportar o mínimo para preservar a moeda comum – e porque os mercados e as autoridades europeias irão punir qualquer país que desafie esses acordos. Ainda assim, a fase mais complicada da crise financeira chegou ao fim. As autoridades financeiras da Europa reconheceram, tacitamente, que a austeridade é contra-produtiva e pararam de impor mais constrangimentos orçamentais. Isto deu aos países devedores alguma margem de manobra e, mesmo na ausência de perspectivas de crescimento, os mercados financeiros estabilizaram.
As futuras crises vão ser, na sua origem, políticas. De facto, isto já é visível: a União Europeia está tão voltada para si própria que não consegue responder de forma adequada a ameaças externas: sejam elas a Síria ou a Ucrânia. Mas as perspectivas estão longe de ser desanimadoras; o reaparecimento da ameaça da Rússia pode reverter a tendência de desintegração da Europa.
Com a crise, a União Europeia deixou de ser um "objecto fantástico" que inspira entusiasmo para se tornar em algo radicalmente diferente. O que era suposto ser uma associação voluntária de Estados iguais que sacrificaram parte da sua soberania por um bem comum... transformou-se com a crise do euro numa relação entre países credores e devedores que não é nem voluntária nem igual. De facto, o euro pode destruir a União Europeia..."
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