Pesquisar neste blogue

domingo, 21 de janeiro de 2007

Scoop: do judaísmo ao narcisismo

Woody Allen tem aquele discurso torrencial, de ideias e palavras. Circunstanciado e analítico. Tira partido do humor de forma sistemática e organizada. Inesperada faceta para um nihilista de Manhattan.
No "Scoop" a trama criminosa é óbvia. A comédia tem cenas de imaginação empolgante. Outras comuns (lugares comuns?).
Mas as personagens são o fundamental de todo o filme.
Scarlett Johansson é inspiradora: "Match Point" e agora "Scoop". Woody Allen descobriu a essência da actriz. O defeito refractivo, a ingenuidade da estudante de jornalismo, a paixão desaconselhável, a incredulidade perante a realidade, a simulação inteligente, feminina, que a salva no final. Mas Woody Allen constrói-lhe o personagem através do seu personagem. Desmonta mitos e complexos. Até a teoria das mnemónicas para fixar sequências de números ou códigos é colocada em causa! Como ele próprio afirmou “Os dois maiores mitos sobre mim são: que sou um intelectual apenas porque uso óculos e que sou um artista porque os meus filmes rendem dinheiro..."