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segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

3,5m x 7,8m

Os actos de guerra e de violência são indissociáveis da Humanidade. Motivos e justificações complexas. Prolixidade na análise dos factos e dos fenómenos.
O "Guernika" interpreta na sombra e na luz, na contorção dos corpos e nas expressões dos rostos, o terror e o medo.
Vi pela primeira vez este quadro ao mesmo tempo que o mostrei às minhas filhas; num dia soalheiro de Inverno, entre muitas exposições e roteiros culturais e paisagísticos. Quando me aproximei do local onde está exposto, hesitei. Como lhes deveria transmitir a profundidade daquelas formas. A semântica dos símbolos. Cresci com o Guernika como imagem e ícone. Vulgarizou-se e engrandeceu-se na minha consciência.
O horror das guerras manteve-se desde então. Sofisticou-se, mas não diminuiu. O Guernika fez-me reviver o(s) idealismo(s) da minha adolescência. Ou a lucidez de ter uma ética para a Humanidade. Uma ética construtiva e construtivista do mundo e das sociedades.
Provavelmente, já defendi os perpretadores de outras Guernikas. E todos os idealismos e progressismos o fizeram.Por isso estava ansioso em relação ao modo como explicaria aquele quadro às minhas filhas. O horror, o medo e a morte não têm rosto e podem ter todos os rostos da Humanidade. E nada, nem ninguém, em tempo ou espaço algum, pode justificar as Guernikas do passado e do presente, nem aquelas que se estão a projectar neste mesmo momento para ocorrerem no futuro.