Sentou-se no meu colo. É pequena para escrever histórias. Ouve com atenção. Conto-lhe uma história curta desejando que não a esqueça.
A história de uma Menina muito bonita e muito inteligente, com um desejo banal: ser feliz. Olhava para os outros meninos como para um sonho. Nem sempre se deixava ver ou compreender. Por vezes, ficava sozinha: perplexa. Queria ser feliz. Brincar no seu jardim, com as suas regras e as suas flores. Inventando um mundo próprio, um mundo dela. E quando chorava, as lágrimas corriam tão reais! Nunca tinham existido lágrimas tão reais. Nunca tinha existido desejo tão profundo de ser feliz.
A casa onde vivia era grande. Daquela grandeza que se descreve nas histórias que têm meninas muito bonitas e muito inteligentes. A família era sólida. Os dias tinham destino, e a alegria e a tristeza sucediam-se alternadamente. A Menina tinha um desejo banal: ser feliz. Procurava a felicidade pelos cantos, perguntando a todas as criaturas que encontrava. Todos os momentos eram pretextos para procurar ser feliz. A Menina continuou a ser muito bonita e muito inteligente. E continuou a procurar a felicidade entre todos os instantes.
Ao meu colo, a M. desespera com a busca: "afinal a Menina encontra a felicidade ou não?". Pergunto-lhe: "Queres que encontre?".
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