Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 de Abril de 2014 - largo do Carmo



O dia 25 de Abril de 2014 colocou 40 anos sobre a revolução dos cravos. O largo do Carmo, esta manhã, estava mudado: mais velho e menos tenso. Eram pessoas que queriam celebrar um instante de alegria e de esperança. Tinham nos olhos a impossibilidade de tornar a fazer esse instante. O problema das memórias, sobretudo em dias de Primavera, é que elas também desesperam e, portanto, “todos à assembleia”.

A viatura Chaimite carregava as bandeiras (de Portugal e da Associação 25 de Abril), passando com dificuldade entre a multidão que subia e que descia, de e para o largo. A festa acabava e, para o ano, cá estaria de novo, imitando os roncos daquela madrugada de 1974.

O problema das festas, e sobretudo das festas como esta que revolvem os sonhos e as memórias das pessoas, é que são inúteis ou, no melhor dos casos, transitórias.



Inúteis porque, aos reformados que foram ao largo do Carmo (e que irão à Avenida da Liberdade), faltam a continuidade do propósito que transforma o protesto na ação.

Inúteis porque, os desempregados e os trabalhadores precários são atirados pela escada social abaixo pelo fenómeno do dia-a-dia que passa. Não têm espaço mental para festas, nem para comemorações. A maior parte não viveu as condições políticas, sociais e económicas que fizeram eclodir o movimento dos capitães. Não reconhece a linha condutora que liga as histórias de então e de agora.

Sim, alguns soldados e capitães que deram ordem de rendição ao chefe do governo, Marcello Caetano, alguns intelectuais e quadros, sonhadores herdeiros das ideias mais claras e límpidas, estavam lá.

Mas esteve aqui um pouco do 25 de Abril de 1974, um pouco daquela luminosidade que inundou sem preço os rostos dos portugueses. Esteve aqui e não esteve na Assembleia da República, ao lado daquelas expressões cinzentas e discursos decadentes.

O 25 de Abril de 1974 é aquela data da história de Portugal que será sempre um referencial de regresso e de partida. Neste largo do Carmo, estão para sempre representadas as qualidades e os heroísmos do povo português. 

            

Sem comentários: