Pesquisar neste blogue

sábado, 26 de outubro de 2013

Episódios de disceptação

A História é um local onde ocorrem episódios de disceptação. Em alguns casos, os episódios de disceptação permanecem como feridas durante períodos mais ou menos longos. Alguns episódios permanecem para sempre: podemos denominá-las feridas da História.
O derrube do governo de José Sócrates através da reprovação, na Assembleia da República, da quarta actualização do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC IV) em 2011, é uma dessas feridas da História. 

A direita portuguesa, através do trio Marco António Costa-Miguel Relvas-Pedro Passos Coelho, privilegiou os interesses de grupo em detrimento do interesse nacional. Sabiam que a reprovação do PEC IV conduziria inevitavelmente ao pedido de resgate de Portugal à troica. Acreditavam que o resgate alavancaria a aplicação de um programa de austeridade e de reestruturação da sociedade portuguesa. Rapidamente surgiu um entendimento natural e material entre o memorandum de entendimento (também assinado pelo ps e pelo cds), a política europeia para a abordagem da crise da dívida e o programa de governo do psd. 

A direita portuguesa manobrou politicamente bem, aproveitou a fragilidade política do governo do ps (minoritário) e contou com o apoio incondicional do presidente da república.

O PEC IV era equivalente àquilo que hoje o governo parece querer, sem querer reconhecer, para Portugal: um programa cautelar por parte da Comissão Europeia (CE) e do Banco Central Europeu (BCE). Mas chegar a este programa cautelar exige a colaboração do ps, dos sindicatos, do tribunal constitucional, da sociedade portuguesa, de uma forma geral. 

O resgate foi um erro colossal. Serviu para agudizar conflitos, levantar uma parede enorme de desconfiança entre jovens e velhos, os pobres e a classe média, os reformados e os trabalhadores, os empregados e os desempregados.

E ficou a disceptação: o ps profundo não esqueceu o episódio do PEC IV. O ps que não é profundo, não é diferente do psd. Dito isto, o prognóstico para um entendimento entre psd e ps para o futuro imediato de Portugal, é mau. E a culpa é do psd e deste governo.                       
 

Sem comentários: