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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Noite de Natal

Tenho uns minutos de inspiração para escrever uma sintaxe nova sobre o Natal. Os momentos do Natal inventam-se todos os anos com uma imaginação antiga. Os símbolos ancestrais com as personagens originais de um mistério criado há dois mil anos. Em dois mil anos evoluímos da transmissão oral das histórias para a sustentação electrónica das ideias. Ainda não percebi se a gnoseologia e a epistemologia aceleraram ou retardaram este processo.
A criação da fé foi institucionalizada e organizada através de hierarquias de ideias e funções. Atrás e ao mesmo tempo, foram criados os rituais, os símbolos, as super-estruturas do sagrado. E a fé, a pureza dos factos e dos desejos, ficou limitada à existência dos códigos e das leis.
Na Missa do Galo ninguém encontra a ancestralidade telúrica do nascimento de um menino pobre numa terra longínqua, dominada por um império político e económico esmagador. Ninguém encontra nesta história uma revelação universal. Ficamo-nos pela salvação das almas. Tarefa difícil mas solitária, que transforma a dimensão religiosa num processo contingentado pela introspecção e pelo individualismo.
Alguns momentos podem ressuscitar a esperança: o Requiem de Mozart, a teoria quântica, a dupla hélice do ácido desoxirribonucleico, a Declaração do Direitos Humanos. Não vale a pena esgotar os exemplos neste pequeno espaço de escrita. Vale a pena procurar as dimensões do Homem e encontrar-lhes as coordenadas. É à história desta procura que pertencem as Noites de Natal.

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